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Projeto de poder e projeto de Estado

Faz parte da tradição política brasileira o grupo que ocupa o poder trabalhar para nele se perpetuar. É o que os críticos chamam de projeto de poder. Porém, uma observação precisa ser feita sobre essa questão, pois, mesmo estando fora do poder, seja qual for a esfera, a oposição também tem o seu projeto de poder. É daí que nascem as expressões “o poder pelo poder” e “a oposição pela oposição”, gerando uma permanente disputa onde o palanque está sempre posto, os debates, geralmente fúteis, são intermináveis, fazendo os políticos e agentes administrativos aparecem mais que as instituições, favorecendo a uma política personalista, onde a figura do Estado fica distorcida e práticas imorais e até mesmo ilegais são expedientes adotados como fundamentais para aqueles que querem continuar mandando quanto para aqueles que querem passar ou voltar a mandar.

Infelizmente os líderes políticos brasileiros, independente se são situação ou não, alimentam essa cultura de fazer da política uma atividade de carreira lucrativa e não uma forma de ser útil por certo tempo ao seu povo, à sua cidade, ao seu estado e ao seu país. Claro que existem as exceções, mas estas quase sempre não são protagonistas do processo exatamente por imporem limites éticos, morais e legais à sua militância política, o que já os deixa em desvantagem em relação àqueles que dizem ser republicanos, mas o são apenas superficialmente.

O princípio republicano que a grande maioria dos nossos políticos não consegue satisfazer é o de colocar o Estado acima de qualquer pessoa, líder carismático, grupo político, afastando-se do populismo, do assistencialismo, da propaganda excessiva das ações públicas, como forma de reforçar a imagem de um líder ou grupo político. A publicidade institucional dos governos parecem mais peças publicitárias de venda de automóveis, consumo de refrigerante e cerveja, agências de viagem, onde surrealismo e expressionismo se misturam transportando o cidadão a um mundo mágico onde tudo funciona maravilhosamente. A mídia institucional não visa informar ao cidadão, mas manipulá-lo, a fim de que desvie sua atenção do mundo real e tenha a sensação de que já está usufruindo de um bem ou serviço público que sequer existe ainda.

Tal postura é mais adotada por quem controla o poder, pois está à sua disposição o aparelho estatal. Porém a oposição também não deixa de contribuir para que a luta pelo poder assuma um primeiro plano em detrimento dos interesses do Estado. A oposição, muitas das vezes, é mesquinha, retrógrada, ataca o adversário quando este toma medidas necessárias, porém impopulares e denuncia as deficiências administrativas sem levar em conta o contexto geral do país, tentando manipular os cidadãos a acreditarem que aquela situação é resultado de uma ação individual de quem está no poder e não resultado de circunstâncias que fogem ao seu domínio.

 Se o objetivo da situação é fazer o cidadão acreditar que tudo está plenamente perfeito, o da oposição é fazê-lo acreditar que tudo está plenamente ruim, apresentando-se como os únicos capazes de mudar a situação. Ou seja, tanto oposição e situação, no Brasil, falam e agem, intencionalmente, de forma ignorante para os ignorantes, o que resulta em sofismas, apelos emocionais e populistas, aproximando a atividade política e administrativa no Brasil dos interesses de pessoas e grupos em detrimento do interesse de construção de um projeto de Estado, pois ambas (situação e oposição), mesmo em situações opostas, militam com um único objetivo: estabelecer ou fazer durar o quanto for possível um projeto de poder.

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