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A propósito

Na Veja on-line 1955:

“Diogo Mainardi
O mensalão da imprensa


“Lula elogiou publicamente Carta Capital. Para ele, a
revista não praticava ‘odenuncismo pelo denuncismo’ porque ‘não se preocupava
com o mercado’. Quem conta com 70% de publicidade do Banco do Brasil, da
Petrobras e da CaixaEconômica Federal realmente podeignorar o mercado e os
leitores”
O mensalão não é só para deputados. Há também o mensalão da
imprensa. No último número da revista Carta Capital, quase 70% dos anúncios eram
do governo federal. Lula sempre soube remunerar direito seus aliados. Carta
Capital é o João Paulo Cunha dos semanários. O José Janene. O Valdemar Costa
Neto.
Lula, dois anos atrás, elogiou publicamente Carta Capital. Para ele, a
revista não praticava “o denuncismo pelo denuncismo” porque “não se preocupava
com o mercado”. Quem conta com 70% de publicidade do Banco do Brasil, da
Petrobras e da Caixa Econômica Federal realmente pode ignorar o mercado e os
leitores.

Carta Capital é de Mino Carta. Não dá para compará-lo a um João Paulo Cunha, a um José Janene, a um Valdemar Costa Neto. Ele está muito mais para alguém do porte de um Professor Luizinho. No fim do ano passado, Mino Carta publicou uma longa entrevista com Lula, e retribuiu os elogios do presidente, exaltando seus maiores atributos, como “Q.I. alto, bravura, carisma, belos propósitos, bom humor e ironia”.
Mino Carta costumava se referir a Lula em outros termos. Em 1994, entrevistado pela revista Interview, ele declarou o seguinte: “O principal defeito de Lula é a laborfobia. Lula não é suficientemente aplicado. Ele teve tempo para aprender algumas coisas e não o fez. Por exemplo, a falar melhor, a organizar seu raciocínio de forma sintaticamente mais consistente. Isso teria implicado leituras, estudo. Mas, a julgar pelo Lula que está aí hoje, ele não se aplicou. O melhor mesmo para ele é bater uma caixa no bar da esquina tomando uma pinga com cambuci”.
Mino Carta se aproximou de Lula apenas na campanha eleitoral de 2002, por meio do consultor Antoninho Marmo Trevisan. O mesmo Trevisan que intermediou a venda da empresa do filho de Lula à Telemar. O mesmo Trevisan que foi contratado para sanear as contas do PT. O mesmo Trevisan que prestou assessoria à CUT. O mesmo Trevisan que repassou trabalhos aos sócios de Luiz Gushiken. O mesmo Trevisan que selecionou o banco BMG para oferecer o crédito consignado.
Carta Capital tem praticamente a mesma tiragem que a revista do acupunturista de Geraldo Alckmin, mas seu peso político é muito maior, assim como seu faturamento publicitário. Os anúncios das estatais deram o resultado esperado. No último ano, Carta Capital tentou ajudar a aplacar a crise. Uma de suas estratégias, seguida por todos os blogueiros lulistas, foi acompanhar o termo “mensalão” por alguma atenuante como “suposto”, “pretenso”, “enredo embolorado”, “jogo sujo”, “denúncia frágil” e “sem provas cabais”.
O melhor argumento que os lulistas encontraram para desmentir o mensalão também apareceu em Carta Capital, numa entrevista de Wanderley Guilherme dos Santos. Ele disse: “É uma denúncia genérica. Há pagamentos mensais feitos pelo tesoureiro do partido etc. etc.”. Gilberto Gil, algumas semanas depois, sempre em Carta Capital, adotou o mesmo bordão: “Mensalão, caixa dois etc. são da prática do mundo”. Os etc. etc. dos lulistas encobrem mais da metade do Código Penal.
Lula venceu. O mensalão dos deputados e da imprensa foi esquecido. O que resta agora aos leitores é bater uma caixa no bar da esquina tomando uma pinga com cambuci.”

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