JÚLIO DELGADO, ao propor, na conidção de relator do processo disciplinar que tramita no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, a cassação de DIRCEU, pegou muita gente no contra-pé. Acreditava-se que o deputado, pelo fato de compor a base de sustenção do Governo Lula ao lado de DIRCEU, poderia arredondar as farsas do caixa-dois e do “eu não sabia” ou “não tenho conhecimento” ou “não sou corrupto” ou “estou convencido da minha inocência”.
Pelo contrário, o relatório [2] de DELGADO foi tão retumbante e convincente que chegou a repercutir no âmago do Supremo Tribunal Federal. No dia seguinte à leitura do seu parecer, DELGADO foi citado expressamente, por várias vezes, no voto [3] do insuspeito ministro CELSO DE MELLO, que, ressalvando a competência da Câmara dos Deputados para julgar o mérito, declarou ao vivo, para os telespectadores da TV JUSTIÇA [4], que não vislumbra qualquer “atipicidade na representação formulada contra DIRCEU” no Conselho de Ética.
Hoje, em sua entrevista, DEGALDO reafirma as conclusões de seu relatório, sustentando haver encontrado os fatos e as provas do mensalão, do qual “o deputado José Dirceu sabia. O presidente Lula talvez tenha tomado conhecimento de uma forma superficial. Não acreditou e foi omisso ao desconhecer, ou em não tomar as medidas, para que isso não acontecesse no seu governo”.
Ora, quem visita o site do Jornal da Mídia [5], pode constatar que a tese repisada pelo deputado JÚLIO DELGADO, aliado de LULA e de DIRCEU, com todas as letras, é idêntica à veiculada no pedido impeachment apresentado pelo advogado baiano Gildson Gomes dos Santos contra o presidente da República, cuja tramitação encontra-se pendente no Supremo Tribunal Federal por força do Mandado de Segurança nº 25558/DF [6].
“A coerência, a racionalidade indicam que eventual cassação de DIRCEU colocará LULA no mundo das trevas. Da canalhice política brasileira. Repugna ao bom senso a punição política isolada do então todo poderoso Chefe da Casa Civil. O relatório de DELGADO mostra de forma iniludível que a “obra” foi arquitetada por DIRCEU, executada pelo PT, mas pertence ao atual presidente da República. De fato, LULA foi omisso, se desconhecia o mensalão, ou, se o conhecia, nada fizera para combatê-lo. Eis um dilema. A cassação de Dirceu representará apenas uma espécie de meia condenação política de Lula. É impossível evitar essa conclusão”, remata o advogado Gomes dos Santos, autor do único pedido de impeachment em andamento [7].